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Aqui você vai encontrar um pouco de tudo, inclusive alguma mistura de português, latim, inglês, francês, não necessariamente nesta ordem, mas predominando sempre a língua portuguesa, procurando seguir o Novo Acordo Ortográfico. Confesso que neste último quesito terei algumas dificuldades, principalmente referentes à hifenização, que é algo que nem os linguistas chegaram a um consenso definitivo ainda. No mais, meu modo de pensar pode parecer não muito convencional, mesmo porque possuo um espectro da psiquê bipolar e borderline, embora pessoalmente eu não goste destes rótulos. Na seção "links interessantes" pode encontrar algo sobre isso, se estiver interessado(a).

Desarme-se de todo preconceito, elimine os julgamentos equivocados a priori e deixe as conclusões a posteriori. ;-)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Estereotipagem

Recentemente um conhecido me disse que passo uma imagem de alguém recalcado com medo da sociedade, moralista, nerd e que "as pessoas até têm medo de chegarem em mim para conversar sobre alguns assuntos com medo da minha reação", além de eu "ter tudo para ser um sacerdote enclausurado".

Achei até cômica a situação, mesmo porque esse conhecido me conhece muito pouco para tirar tais conclusões, além de ele possivelmente ter a capacidade de ler a mente das pessoas, ao dizer que "as pessoas têm medo de mim". Se trata de um filósofo, visivelmente frustrado, o que já é outra história, cujas opiniões são veementemente a verdade (para ele, é claro). Pensei que ele teria uma mente mais aberta, de que não seria capaz de fazer julgamentos precipitados com base nas aparências externas, mas enfim...

Resumidamente ele deduziu tudo isso pela minha aparência e maneira de conversar; pelo fato de eu estar vestindo calça jeans, camisa e sapato no trabalho (coisa que ele também estava, exceto uma sandália velha que ele normalmente usa) e também por eu não falar gírias ou palavrões no trabalho, e normalmente nem fora dele também.

Bom, entrando agora no tema de "estereotipagem", eu respondi que possuo idéias progressistas e abertas sobre vários assuntos atuais, incluindo alguns tabus, como aborto, opção sexual, emancipação feminina etc, MAS que não preciso escrever isso na testa para dizer que sou. E também possuo meus gostos e zelo pelo meu bem-estar. Com isso eu quis dizer que não é pelo fato de em dado momento estar revoltado com algumas convenções sociais que vou sair cometendo vandalismo ou destruindo patrimônio de terceiros. Por que? Simplesmente porque isso possivelmente me traria consequências funestas, tal como ser preso, responder a processos etc. Não se trata de um puro medo da sociedade, mas sim uma prudência pelo meu bem-estar, resumindo a grosso modo.

Retomando o tema um pouco mais a fundo, ainda perguntei a ele: "Então eu preciso chegar aqui com uma caveira tatuada no meu peito inteiro só pra mostrar que contra algumas convenções sociais? Isso não deixaria de ser MAIS UMA FORMA de estar dentro do sistema, pois com tal ato eu estaria demonstrando que sou um 'revoltadinho' tal como a sociedade vê". Em tempo: nada contra quem se tatua. Eu mesmo ainda quero fazer alguma tatoo; já fiz algumas de henna, mas talvez futuramente ainda faça alguma definitiva. Apenas não concordo com a idéia de ter determinadas atitudes SOMENTE para demonstrar descontentamento com certas regras/convenções sociais. Em suma, eu não preciso sair falando palavrão, gírias, pintar o cabelo de vermelho etc, para demonstrar que não tenho nada contra o homossexualismo, de que sou a favor do aborto, de que sou plenamente a favor da emancipação feminina e radicalmente contra o machismo, de que sou a favor da plena liberdade de expressão, de que defendo a causa de preocupação com o meio-ambiente, descriminilização do uso de certas drogas etc. E principalmente dentro de um ambiente de trabalho administrativo, onde existe uma pluraridade de opiniões, crenças e comportamentos, é razoável adotar uma postura mais sensata, equilibrada, mesmo pelo meu próprio bem-estar e possível crescimento profissional. E talvez, como já disse Baruch de Spinoza, às vezes é preciso "se comunicar ao alcance do vulgo e fazer tudo o que não traz nenhum impedimento para atingirmos o nosso escopo [objetivo]", ou seja, adotando uma maneira mais sutil de se falar, de se vestir, de se comportar, em determinadas situações, se atinge mais eficientemente o objetivo de expor nossas idéias do que radicalizar tudo!

Sendo assim, não é mesmo também porque eu me visto de forma mais convencional em situações convencionais (principalmente em ambiente de trabalho administrativo) é que isso significa que não posso demonstrar e exercer minhas opiniões (e que muitas vão de contra várias convenções sociais) em outras situações.

Enquanto isso, enquanto durante a semana eu visto meu jeans, camisa e sapato, trabalhando numa repartição pública e à noite estudo moléculas, nos fins de semana eu pego minha moto, visto minha jaqueta de couro e sai por aí a esmo, ou então simplesmente fico de bermuda e camiseta curtindo alguma boa cerveja com minha namorada, e deixo o "estereotipador" com suas estereotipagens. ;-)

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