Tudo [que é] feito por amor, [para] além do bem e do mal é [feito].
Esta é a tradução literal da frase em latim que é o título desta postagem. O que está em colchetes é o que está implícito; subentendido, pois no latim, ao contrário da língua portuguesa, raramente se usa "que é", "para" e vários outros termos acessórios que estão embutidos nas terminações das palavras.
Fazendo uma pequena dissecação dessa frase, temos o seguinte:
Omne = tudo; todas as coisas (substantivo singular masculino, no caso nominativo).
faci = verbo fazer, conjugado como "que é feito", no infinitivo presente passivo. O latim possui seis tipos de infinitivo, enquanto que o português só possui um tipo.
per amorem = por amor (fácil esta, não?) ;-)
P: Por que não é "amor"?
R: Porque, novamente diferentemente do português, dependendo da função da palavra na frase, sua terminação muda. Como a palavra "amor" na frase "Omne faci per amorem" é um objeto ao qual se refere uma ação, ele precisa estar no caso acusativo, que sendo um substantivo da 3ª declinação, a terminação correta é "em" (amor + em). Se estivesse dizendo apenas que o amor é bonito (amor formosus est; amor est formosus), ele fica obrigatoriamente no nominativo, que é idêntico ao português (que por sinal não possui casos).
ultra (preposição) = além; para além; mais longe de. É uma preposição no caso acusativo por natureza, exigindo que os termos relacionados à ela estejam no acusativo também.
bonum = bem (substantivo masculino singular, no caso acusativo, pois está ligado à preposição "ultra").
malum (idem). Obs: idem é mais um exemplo de centenas de palavras que usamos no português de forma idêntica à usada no latim, há mais de 2 mil anos.
et = "e" (mesma conjunção "e" do português. "Bem e mal", por exemplo: bonus et malus).
est = verbo "ser" conjugado na terceira pessoa singular do presente do indicativo: é.
E por curiosidade, a frase "Tudo o que é feito de forma limítrofe, é feito para além da loucura e da razão" ficaria, numa tradução livre: "Omne faci in limitem, ultra insaniam et rationem est".
E claro: o verbo "est" está no singular porque ele faz referência ao substantivo "omne" do início da frase que também está no singular.
Parafraseando Nietzsche, "tudo aquilo que é feito de forma limítrofe, é feito para além da loucura e da razão".
Bem-vindo. Welcome. Salve!
Aqui você vai encontrar um pouco de tudo, inclusive alguma mistura de português, latim, inglês, francês, não necessariamente nesta ordem, mas predominando sempre a língua portuguesa, procurando seguir o Novo Acordo Ortográfico. Confesso que neste último quesito terei algumas dificuldades, principalmente referentes à hifenização, que é algo que nem os linguistas chegaram a um consenso definitivo ainda. No mais, meu modo de pensar pode parecer não muito convencional, mesmo porque possuo um espectro da psiquê bipolar e borderline, embora pessoalmente eu não goste destes rótulos. Na seção "links interessantes" pode encontrar algo sobre isso, se estiver interessado(a).
Desarme-se de todo preconceito, elimine os julgamentos equivocados a priori e deixe as conclusões a posteriori. ;-)
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